O fogo mata 

o que está morto


Tenho ainda na minha sala 

o aroma do tabaco que fumavas

dois copos ali provam-me 

que estivemos juntos

deixaste um sorriso sobre a mesa 

no teu guardanapo,

era o tempo da harmonia

ficou tudo como estava. 

Voltarei depois de Outubro ___

___ foi a tua última promessa

nem tu nem eu sabíamos que 

haveria uma morte pelo meio

assim,

tão simples como isso. 

Apago os teus vestígios 

deito fogo à minha casa. 



 

 

16 comentários:

  1. Olá , vindo cá conhecer o teu blog .Um poema lindo e ao mesmo tempo triste com um final trágico . Muita nostalgia contida em suas palavras . Abraços . Fique na paz .

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    1. Boa noite. Saúdo o seu primeiro comentário no meu blog. Agradeço as suas gentis palavras. Paz também para si.
      Um abraço.

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  2. Sombria é a vida, sombria é a morte!
    É um tema que encontro aqui frequentemente.
    O poema confronta o carácter efémero do homem neste planeta, concluindo que a melhor maneira de não pensar na sua efemeridade é através do fogo 🔥 mas os vestígios ficam para sempre gravados na memória. A aguarela suave e linda é uma afirmação desses vestígios.

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    1. Hoje, um comentário sobre o texto, que apreciei e me levou a reler o que escrevi. A morte de alguém próximo pode transformar radicalmente toda a nossa vida.

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    2. Eu compreendi muito bem o que aconteceu, Luís, mas não quis entrar em pormenores.
      O nó do luto é algo difícil de desatar.
      Um abraço solidário.

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    3. O tempo tudo dilui.
      Obrigado pela solidariedade.

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  3. Um poema bastante emocionante
    Dá para entender quanta dor leva
    Na alma. A perda de alguém é sempre muito difícil de aceitar.


    Um beijinho de muita força e paz.

    Bom fim de semana

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    1. A vida continua, deixamos o testemunho do que foi e não voltará a ser.
      Obrigado.
      Um abraço.

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  4. "O fogo mata o que está morto"
    Por isso, quando morrer, não quero ser incinerada.
    Tive o meu tempo para crescer no ventre de ninha Mãe, quero ter o tempo que for preciso para voltar ao nada que fui.
    Para memória futura, ficarão as minhas ossadas...
    Os tons suaves da aguarela lembram-nos o tal renascer em que acredito.

    Um abraço.

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    1. De uma forma ou de outra, qualquer que seja a forma como desapareceremos, voltaremos a confundirmo-nos com a terra.
      Muito Obrigado. Um abraço.

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  5. há promessas que nem sempre poderão ser cumpridas...
    outubro passou mas, colada ao tempo, a memória ficou.
    esse e' o nosso tempo, o nosso descontentamento.
    um abraço

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    1. A nossa memória guarda as promessas mas também o seu incumprimento.
      Um abraço também.

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  6. Tarde o temprano, todo tiene su fin. Somos polvo y en polvo nos volvemos a convertir.

    Besos

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