Foto de Daniel Filipe Rodrigues



Fico no cais


Vejo em mim a indefinição da paisagem

os telhados escuros, 

as chaminés fumegantes

uma paisagem não repetível

nesta janela em mim 

em que poderias assomar. 

Vejo em mim a complexa paisagem

um istmo rodeado de dúvidas 

por todos os lados menos por um

a minha janela

em que poderias assomar. 

Fechada a janela percebes agora

que a vida só se interrompe uma vez. 

 

Fico-me por aqui ___ esperando

gosto do cheiro dos cais.



 

18 comentários:

  1. Tantos elementos comuns a uma urbanidade
    Gostei

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  2. Enquanto se queda no cais,
    inalando o odor da maresia
    e o cheiro a peixe que sai das barcaças,
    não deixe de olhar para o horizonte...
    Quem sabe uma casca de noz não ande à deriva no mar alto.
    Deite-se á água e vá a nado...ah, a nado não, esquecia-me que não sabe nadar.
    Meta-se no barco que estiver mais à mão seja ele de motor ou a remos.
    A pequena sereia - quem será? - ficar-lhe-á eternamente grata.

    Moral da história: "Quem espera sempre alcança". :)

    Um abraço.

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    1. Experimentei a solução de embarcar na barcaça mais perto de terra mas, o peso da descrença, do desalento, da irresponsabilidade era tanto que logo se afundou. A grande descoberta foi que vim a pé para casa caminhando sobre a água. Os sapatos e as roupas molhadas... deixei-as à porta.
      Moral da história: Quem não espera afoga-se ou caminha sobre as ondas".

      Um abraço.

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    2. Descrença? Desalento? Onde? Quando? Porquê?
      Só a iresponsabilidade pesa...e muito! Mas no acto altruísta de tentar salvar uma vida, não há irresponsabilidade.
      Há isso que que anda na boca dos bem intencionados: a solidariedade, a fraternidade, a entreajuda.

      "Quem não espera afoga-se ou caminha sobre as ondas"? Como assim?

      Afinal, para onde foram as palavras benquistas do poeta:
      "Vem, vamos embora, que esperar não é saber/fazer
      Quem sabe faz a hora, não espera acontecer."

      Estou desiludida. Pronto!!

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    3. Cara Janita
      isto é uma onda, ora avança, ora recua e o "artista" tem de escrever alguma coisa para que o blog viva, mesmo que sejam apenas palavras.
      Isso de ficar desiludida é que é pior, mas... amanhã já terá passado.
      Pronto!

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    4. 🙄 Quanta confiança, eu hein??
      Vamos então ver o que amanhã nos traz...😇
      Até lá!

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  3. Gostei bastante Beijinhos
    Bom fim de semana

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    1. Obrigado pela sua visita e pela atenção que dedica ao que publico.
      Um abraço.

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  4. Eu, descendente de Jesus, caminho sobre as águas, embora saiba nadar.
    O cheiro a peixe podre no cais é reconfortante.

    Será que o Daniel foi visitar a irmã?!
    A subjectiva da belíssima fotografia lembra-me a Holanda.
    Não leio no poema descrença ou desalento.
    Vejo um poeta parado no cais à espera do inverno.


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    1. A foto é na Dinamarca.
      Parado no cais à espera de um transatlântico.

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    2. Ahhhh...! Agora percebi tudo.
      Se eu tivesse sugerido que se metesse num transatlântico ou num iate de 30 metros, já tinha ficado todo contente.
      Entendido!

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    3. Ahahahahahah, boa! A mania das grandezas.

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  5. Não vale a pena ficar esperando, quando a janela da alma se fecha.

    Um abraço, nesta minha breve passagem.

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    1. Ficamos sempre à espera... sempre.
      E eu agradeço a sua vinda.
      Um abraço.

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  6. Falando de cais
    Como tu, gosto do odor
    Como tu, tenho uma janela
    Diferente de ti, não espero, parto
    Diferente de ti, tenho a janela aberta
    Ah,
    é há
    quem tenha a vida
    constantemente interrompida!

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    1. A tua janela aberta para o rio é um privilégio, o cheiro da cais não chega aí.

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