Vincente Van Gogh



 
 
O que significa estar vivo

Lentamente escrevo 
sobre o que significa viver
e surge aquela 
pequena figura branca 
uma roupa sem gente 
um vestido vazio 
a preto e branco 
com um nome 
que não sou capaz de dizer 
para que isso não faça rolar 
as enormes pedras 
encosta abaixo. 
Cubro de tinta branca 
todos os meus desgostos 
e medito sobre 
o que significa viver 
e calo em mim a revolta 
contra os homens deuses 
que decidem 
que os nossos dias acabaram. 
Lentamente escrevo 
     plantem-me num campo de papoilas.


 

16 comentários:

  1. Eu não me revolto
    Eu luto
    e sei que os homens-deuses
    me temem...

    ResponderEliminar
  2. Viver significa não nos arrependernos do que fazemos

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Será difícil como seres pensantes se formos honestos connosco próprios.

      Eliminar
  3. A impotência de podermos fazer alguma coisa num cenário de guerra é tal que nos tornamos opacos e os que ficam como reféns numa de trofeus de quem comanda e que sobre eles fazem e cometem o impensável.
    Ao ver a tela que gosto muito porque a percebo, encosto-me a ela e faço minhas as tuas palavras:

    " e calo em mim a revolta
    contra os homens deuses
    que decidem
    que os nossos dias acabaram"

    Comovi-me bastante e a cachoeira dos meus olhos não para...vou dar uma volta ao quarteirão para apanhar ar nas trombas:))
    Um muito obrigado com o desejo de um bom domingo extensível aos teus.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Sensibilizou-me muito o seu comentário. É imprescindível para nossa defesa que saibamos analisar o que se passa no mundo. Tomo a sua emoção, em presença da publicação de hoje, como um elogio e um estímulo. Nem tudo está perdido.
      Bom domingo, um abraço.

      Eliminar
  4. Não quero que os homens-deuses me temam, mas exijo que me respeitem. :)

    Gostei tanto, tanto do seu poema e da imagem da tela de V. Van Gogh, L.!

    Os dias de todos os homens não chegaram ao fim, mas se pudesse escolher um local para derramarem as cinzas que de mim sobrarem, hesitaria entre um campo de cravos vermelhos e um de papoilas...

    Forte abraço, L.!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Por cada um que cai outro se levanta, digo isto em relação ao povo de um e de outro lado ao serem utilizados numa guerra entre irmãos.
      Ficaremos, ao certo, num lugar de paz.
      Um abraço.

      Eliminar
  5. Poema tão belo como a pintura do holandês.
    Eu quero sobreviver e prescindo dos campos de papoilas — excepto na ARTE 🖼

    ResponderEliminar
  6. Esta tela cheia de luz e cor, contrasta com a tristeza das palavras do Poeta que tão bem pintou a sua amargura em tons de negro e branco. Já eu, quando a revolta toma conta de mim, não por mim que já vivi muito, mas pelas promessas do amanhã, que homens travestidos de deuses querem cortar o futuro, não a consigo calar. Deixo que me atropele a voz, mesmo que fale sobre o que não sei, mas sinto.

    Um abraço e que seja feita a sua vontade.
    (Já escolheu o campo de papoilas? No Alentejo há muitos)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. A indignação é o direito que temos, tenhamos consciência de que nos encontramos no meio das lutas de quem as promove e alimenta pela conquista de espaço para os seus interesses que, afinal, pouco têm a ver com os interesses do povo.
      Ainda não escolhi o campo, mas vou tomar precauções para não acabar no contentor.
      Um abraço.

      Eliminar
  7. Belo poema e atela de Vicente Van Gogh é linda.
    Bom fim de semana

    ResponderEliminar
  8. Gosto muito da tela. Desde menina sempre gostei de papoilas e sem nem saber porquê sempre as associei à liberdade. Emocionou-me o poema.
    Abraço, saúde e boa semana

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. As papoilas são selvagens e de uma grande beleza.
      Saúde, um abraço.

      Eliminar