Os dias sempre iguaisÉ audível e conhecidoo ruído metálico da bicicleta do carteiroque nunca traz o que esperamoso som musical do amoladorque afia as nossas memórias rombasas vozes de duas mulheres que falam altoenquanto andam sem se olharemuma rola que insiste no seu cantodesinteressante e repetitivoum cão que ladra a toda a horacom a voz aprisionada a uma correnteas músicas populares maliciosasdo vizinho ocioso que mora ao ladoa mulher com a ponta do aventaltraçado na cinturaa limpar o corrimão da escadacantando.Os ruídos previsíveis numa repetição diária
fazem-me praguejar com palavras antigas
que ouvi ao meu avô ___
___ O raio que os partam
os dias sempre iguais.
Os dias estão a acabar
sim
e depois?
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Há algo bélico no desenho, que me fascina.
ResponderEliminarO tédio dos dias do poeta tem o efeito de soltar o praguejador que existe dentro dele.
A única esperança é de sairmos vivos 🕊
Todos praguejamos uma vez ou outra.
EliminarDaqui ninguém sairá vivo! Como dizia Jim Morrison.
Tenho um amigo virtual que está sempre a praguejar contra o Putin.
EliminarNão me lembro de praguejar, mas penso que as mulheres praguejam menos do que os homens.
Em caso de uma guerra nuclear as minhas cinzas vão parar à campa do Jim em Paris.
Eu prefiro ir parar no monumental jazigo de Oscar Wilde que também se encontra no Père-Lachaise.
EliminarTer as cinzas no Cemitério do Père-Lachaise é um privilégio apenas de alguns. Eu prefiro transformar-me em fumo.
EliminarSó no caso de uma guerra nuclear vou parar ao cemitério Père-Lachaise.
EliminarEu prefiro ir parar aos jazigos de família em Düsseldorf ou no Porto.
Abraço 🕊
Os carteiros infelizmente já ficaram lá atrás
ResponderEliminarAinda existem.
EliminarFiquei aprisionada na tela num beco sem saída mas de olhos postos na parte colorida e lendo-te digo-te apenas isto: e depois? Hoje acordei viva e a refilar com palavras feias em kimbundo:) devido a um estrondo enorme feito por um vizinho que me acordou. Hoje o dia não será igual ao de ontem e amanhã se eu não for ser vivo façam o que têm de fazer porque todos os dias há flashes positivos e temos que os sentir e aproveitar.
ResponderEliminarBeijocas e um bom dia
Os vizinhos, quando não compreendem que vivem paredes meias, são o nosso desassossego.
EliminarE depois? Ninguém sabe o que virá depois, aproveitemos, por isso, os dias de agora.
Bom Dia, um abraço.
Todos os dias há milhares (ou milhões?) de pessoas para quem os dias efectivamente acabaram...
ResponderEliminarEsse homem cabisbaixo que caminha entre ruínas - assim "vejo" a aguarela - sobreviveu.
Fiquei presa à ideia do "som musical do amolador/ que afia as nossas memórias rombas"...
Forte abraço, L.
Assistimos hoje em directo ao fim dos dias de milhares de pessoas, algumas que só agora começaram a viver.
EliminarCurioso com a sua interpretação, fui rever a imagem, consegui identificar a leitura visual que fez.
Um abraço.
Face aos cenários de destruição, caos, dor e sofrimento, que me entram pela casa dentro através de uma realidade que mais parece um filme de terror, bendigo o rame-rame do meu quotidiano.
ResponderEliminarA imagem sugere-me precisamente, a desordem actual que reina na capital de um País que está debaixo de fogo.
Quanto ao carteiro, que bons foram os dias sempre iguais em que ele me tocava à porta.
Às vezes, duas vezes!!
Um abraço.
Concordo, a terrível realidade a que assistimos lá longe, deve permitir-nos valorizar os nossos dias tranquilos.
EliminarQuando se fala em carteiro, logo nos sugere o nome do filme.
Um abraço.
Adorei o poema! lindíssimo
ResponderEliminarBeijinhos.
Agradeço a sua visita e a sua simpatia.
EliminarUm abraço.