Foto de Ana Catarina Duarte





Consumar

Tudo se consuma em nós 
     o silêncio violento e longo
     o desejo esquecido à força 
     a ternura como algo por inventar. 

Do silêncio sente-se o hálito. 

Tudo se consuma em nós 
há em cada lágrima 
uma vitória dos sentidos.



 

16 comentários:

  1. Gosto de acreditar precisamente o contrário
    Devemos ser o palco do imprevisível, e nunca do consumado

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  2. Para gostar de um poema ou de um texto não preciso de me identificar com o dito. Uma análise emocional nunca é o bom caminho. A qualidade literária é o meu critério. Conclusão: embora a minha vida seja palco de todos os imprevistos possíveis e imagináveis, apreciei muito o poema pela sua qualidade literária, e não por uma possível identificação. A fotografia estabelece a base sólida às palavras do POETA.

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    1. Estou inteiramente de acordo consigo, não devemos analizar nada sob o impacto emocional, nem a poesia nem assuntos mais importantes, é o caminho para o erro de avaliação.
      Aprovo o seu critério e "ouço" com atenção os seus comentários.
      Obrigado.

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    2. Também eu estou inteiramente de acordo com as palavras da Teresa, L.

      Belos, poema e imagem.

      Tanto chorei, em tempos, que há muito deixei de poder usufruir dessa "vitória dos sentidos"...

      Forte abraço para ambos!

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    3. De acordo também.
      Enquanto houver beleza em nós, haverá sempre uma vitória dos sentidos, mesmo sem lágrimas.
      Um abraço.

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  3. Como me identifiquei com o teu poema digo que quando as coisas boas ou más surgem mesmo que não queira sobretudo as más eu completo, aperfeiçoo, choro e consigo o que dizes "uma vitória dos sentidos".
    A foto é magnífica e não sei porquê acontece-me muitas vezes isto: nesta senti o cheiro dos rolos do feno ou palha.
    Não sei se me fiz entender.
    Abraços e um bom domingo o sol brilha mas está muito frio

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    1. Um texto e uma imagem que tocou os teus sentidos, cumpre-se o objectivo do autor. Um comentário muito inspirado também. Obrigado.
      Um abraço.

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  4. Não há poema teu
    que não contenha uma lágrima
    ou o rasto dela...

    Quanto à foto
    sabe-me a pão

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    1. As lágrimas são uma constante em nós, mesmo que não nos apercebamos disso.

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  5. Gostei essencialmente da fotografia. Lembra-me paisagens que muito amo.
    Nas palavras, identifico-me com a ternura em muita coisa, e até, em algo ainda por inventar.
    Gosto de me enternecer.
    Não me identifico com o sabor de vitória nas lágrimas que derramei e, ainda, porventura, nas que venha a derramar.

    Mas achei interessante a ideia.

    Boa tarde.
    Um abraço.

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    1. Fazemos o que podemos com as palavras. As lágrimas misturam-se com as palavras.
      Obrigado.
      Um abraço.

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  6. Foto e poema muito bonitos.
    Eugénio de Andrade no seu belo poema "Urgentemente", diz ser "urgente inventar o amor". Mas é igualmente urgente inventar a ternura. Não como substituto mas como complemento. Para limpar as lágrimas, quando elas não são uma "vitoria dos sentidos" mas a sua derrota.
    Abraço, saúde e boa semana

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    1. A ternura anda tão arredada da vivência dos humanos, nem falo na ternura física que é tão dúbia mas das outras formas de a expressar.
      Obrigado, saúde, um abraço.

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  7. O silêncio, algo que hoje poucose respeita!

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