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As contas dos meus dias

Era num papel quadriculado
que anotava uma a uma as contas 
dos dias que perdi no sonambulismo 
de seguir-te no teu sono
quando nem sequer dormia contigo. 
E nisto a minha idade se foi
em números somados em colunas
de uma caligrafia exaustiva ___
___ que arquivava folha a folha
num memorial aberrante e morto
assistindo debruçado no meu sono
à tua passagem pela minha vida
caminhando sobre os números 
dos meus aritméticos dias. 
 
Apago o teu nome e rasgo
todas as folhas preenchidas
com o tempo que perdi. 
Não fumo senão acendia um cigarro.



 

22 comentários:

  1. A localidade ideal do POETA é a memória.

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  2. Li o poema ontem à noite. Reli agora. Tenho a sensação de que o poeta vive mais das memórias que carrega do que daquilo que a vida lhe oferece atualmente. Repare que eu digo, o poeta e não o Luís. Refiro-me ao que me passam muitos poemas que por aqui leio.
    Parabéns pelo poema no espaço do Rogério. Adorei.
    Abraço, saúde e bom fim de semana

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    1. A memória é uma fonte de inspiração, que com maior ou menor dose de ficção vai proporcionando a criatividade. A bem dizer, todos os autores recorrem à sua experiência de vida para criarem. O autor não pode dissociar-se da pessoa que é.
      Obrigado, um abraço.

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    1. O que é contranatura (e a palavra é pesada) é viver sem memória ou julgar que se vive sem ela.

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    2. AGRADAR a gregos e troianos é que contranatura!!

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  4. Que texto mais confuso este!
    A idade não se vai, porque a seguir outra vem e todas têm o seu encanto.
    Depois, isto de 'atirar' palavras para um papel em branco, podem fazer sentido para quem as escreve, mas não para quem as lê.
    Pela minha parte, olhando os números e lendo as palavras, só me ocorre aquela lengalenga que aprendi na infância;

    Sete e sete são catorze
    Com mais sete são vinte e um
    Tenho sete namorados
    E não gosto de nenhum.

    Bom dia.
    Um abraço

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    1. Uma análise apressada e pouco aprofundada a sua, de hoje.
      Quem escreve com seriedade, não "atira" palavras para um papel, o que acontece é que nem todas as manifestações artísticas têm de ser concretas, o que é preciso é que toquem a sensibilidade de quem vê ou lê, ainda que seja um reduzido número de pessoas que se identifiquem com o que foi produzido por um autor.
      A última parte do seu comentário é do mesmo teor daqueles desabafos de pessoas que perante uma pintura abstracta dizem "o meu neto também faz disto".
      "Viver dentro" e praticar muda os nossos sentidos e a visão das coisas, isto é tão válido para a arte como para a vida.
      Obrigado, um abraço.

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  5. Eis o espelho e vê como continuas amarrado a memórias nocivas, poeticamente falando por não te conheço, mas devias rasgar e pensar que foi bom enquanto durou e rasga de vez esse "malhar em ferro frio" e porque não fumar um cigarro?:) Força e aproveita o que a vida te dá porque todos os dias somos surpreendidos por flashes de felicidade.
    Meu amigo e pedindo desculpa digo que não gostei!!!
    Beijos e um bom sábado

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    1. Todos temos memórias nocivas, um autor aproveita a bagagem que trás consigo, com maior ou menor dose de ficção. Aceito que alguns leitores não gostem, mas acho honesto que um autor não produza os seus trabalhos para agradar a outros, mas a si próprio, os apreciadores chegarão... talvez.
      Agradeço a sinceridade.
      Um abraço.

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    2. Dizes: "mas acho honesto que um autor não produza os seus trabalhos para agradar a outros, mas a si próprio," ao que respondo claro que sim e assim é que deve ser!!O meu comentário foi o que foi e digo a verdade que sinto e sobretudo com muito respeito por ti e este teu espaço.
      Abraços

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    3. E eu agradeço toda a atenção que me dedicas e os teus comentários, que aprecio, porque são sinceros e correctos na expressão.
      Um abraço.

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  6. A minha memória é profundamente selectiva desde que me lembro de ser eu...

    Ao contrário de muitos, gostei imenso deste poema. Li-o e reli-o tentando entender por que terá gerado tanta polémica e ainda não compreendo lá muito bem. Mas eu fumo... ;)

    Forte abraço, L.!

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    1. Eu não fumo e gostei do poema e da fotografia.
      Abraço os dois poetas!!

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    2. Também não compreendi a polémica. Como disse antes "Viver dentro e praticar" muda os nossos sentidos e a visão das coisas, isto é tão válido para a arte como para a vida.
      Obrigado.
      Um abraço.

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    3. Polémica? Qual polémica?? Que eu saiba houve somente uns comentários menos favoráveis à compreensão do texto/poema que, casualmente, coincidiram. O autor contrapôs com os seus argumentos defensivos e a coisa ficou por aí. Daí a haver uma polémica vai um grande abismo. Então e o direito à livre expressão, como fica?

      Já agora, se o autor considera que "Viver dentro e praticar" muda os nossos sentidos e a visão das coisas e isto é tão válido para a arte como para a vida.", tente também aplicá-lo a si para entender melhor os pontos de vista dos outros.
      Não concorda?

      Fique bem!

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  7. Embora continue fora de casa 🏡 alguém foi colher uma flor ao meu jardim antes que começasse a nevar ❄️

    Danke für die Blume 🌷

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  8. Es inevitable, que algunos momentos del pasado, vuelva a tu mente. Eso nunca debe de condicionar el presente y sobretodo is incide negativamente.

    Besos

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    1. Estoy de acuerdo con lo que dices, el pasado no puede condicionar el futuro, sin embargo hay cosas inolvidables. Un abrazo.

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