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História do homem comum

Há sempre nas páginas 

do livro que tens nas mãos 

o teu sangue ___

___ e o silvo de um comboio


Numa noite indeterminada 

é a última frase desse livro. 


Sangue e partida 

as palavras que cercam 

uma história que é a tua história. 


Foste separado dos outros

após oitenta páginas do livro 

que escreveste sem te dares conta

e que só tu folheaste. 

Pega na tua espada

e entra pela noite dentro lutando

alguém espera pela tua memória 

irás nascer e morrer vezes sem conta

até te esquecerem.



 

17 comentários:

  1. A história de um homem comum retratado na colagem da fotografia é algo original.
    Os problemas do poeta são simplesmente existenciais, mas a maneira como os descreve, é fenomenal.

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    1. O que diz sobre o que escrevo, dada a sua actividade no meio literário, importa-me.

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  2. Sabendo
    que um livro escrevendo
    sempre correria o risco
    de
    sendo cada página um silvo
    de um comboio
    partindo
    numa noite indeterminada

    A tempo
    emendei o destino
    e entrei madrugada adentro
    contando contos
    a crianças

    34 páginas

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    1. No fim do livro da vida, onde esse livro que referes se insere, lá estará o silvo do comboio.

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  3. A história de um homem comum é feita dd todas as cores

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  4. Sono gli uomini comuni che alla fine segnano un’epoca anche se il loro nome non fa rumore.

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    1. Sono totalmente d'accordo, gli uomini comuni sono decisivi nella storia.

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  5. Boa tarde
    Não se morre só uma vez.
    É um facto.
    Morremos … aos poucos.
    Dia e semana feliz!
    ;)

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  6. Vinte e nove depois, do seu assassinato, eis uma bela homenagem à memória de Guillem Agulló.
    O jovem antifacista de dezoito anos, morto por um grupo de extrema direita.
    "Guillem Agulló, ni oblit ni perdó !!!" - diz o seu cartaz, recortado.
    De livros sobre este acontecimento, nada sei, mas de um filme de 2020, sim, sei!
    Excelente o seu belíssimo poema.

    Um abraço.




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    1. Relendo o escrito de há pouco vejo que comi uma palavra e uma letra. Se quiser descubra-as. Obrigada.

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    2. Palavra em falta "anos", letra em falta "s".
      Perspicaz como sempre, descobriu o tema do cartaz e as palavras em falta, parabéns.
      Muito Obrigado.
      Um abraço.

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  7. Tantos e tantos que em defesa da sua convicção são mortos pelo extremismo e rapidamente esquecidos e ou reavivados por escritores e poetas como o que apresentas agora. Quem irá escrever ou poetizar os que tombam em guerras terrivelmente horrendas que ainda decorrem? Enfim, bem ou mal todos morremos um "cadinho" desde que nascemos!
    Abraços

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    1. A História, se não for construída pelos vencedores, poderá vir a fazer justiça e os que hoje são apresentados como "os bons" serão responsabilizados perante a História pelas suas acções. Ver o que disse ontem Lula da Silva.

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