Foto de Daniel Filipe Rodrigues
Em Veneza a última vez
Prometi a mim próprio
não mais me recordar
dos passos que dei em Veneza
não mais me recordar
do som do encontro
das pequenas ondas com
o muro onde me sentei
não mais me recordar
do tinir das louças no café
onde me imolava por hábito.
Em Veneza fiz do meu peito o alvo
e com o dedo indiquei
o lugar mais vulnerável
e foi aí mesmo que nasceu o poema
porque para se escrever poesia
não se pode ser feliz.
Não voltarei a Veneza.
Que show de poesia, gostei muito. Te convido a conhecer meu novo blog, com uma nova proposta. Abraço. https://botecodasletras2.blogspot.com/
ResponderEliminarSaúdo este seu primeiro e elogioso comentário. Visitarei o seu blog com agrado.
EliminarUm abraço.
"porque para se escrever poesia
ResponderEliminarnão se pode ser feliz."
Não conheço nenhum poeta
que seja feliz longe de tal escrita
Veneza? Onde fica?
A poesia pode tornar-se um imperativo irrecusável.
EliminarVeneza fica num lugar onde a terra acaba e o mar começa.
Veneza, o fetiche de visconti
ResponderEliminarUm fetiche dos que a desconhecem.
Eliminar"Para escrever poesia não se pode ser feliz" Será Luís? Gostei muito do poema e fiquei a pensar será que eu não sou poeta porque nunca fui a Veneza? Porque houve épocas na vida que sofri tanto e me senti tão infeliz, que deveria ter escrito belos poemas, e nunca o consegui fazer.
ResponderEliminarAbraço e saúde
Não é Veneza que faz de alguém um poeta mas a sua experiência de vida sim. Está na altura de tentar?
EliminarSaúde, um abraço.
Não concordo com estas tuas palavras:
ResponderEliminar"e foi aí mesmo que nasceu o poema
porque para se escrever poesia
não se pode ser feliz."
Não sou poeta nem pretendo ser mas escrevo tanta coisa por aqui e não me considero uma pessoa infeliz.
Porque todos temos momentos tão infelizes e eu não sou excepção e quando assim é não me apetece escrever!
Beijos e um bom dia
Na escrita, um autor pode permitir-se lançar ideias sejam elas reais ou não, confirmáveis ou não. A poesia é um lugar de total liberdade, cada um com a sua experiência.
EliminarBom Dia, um abraço.
Como muito bem respondeu ao Rogério, "a poesia pode ser um imperativo irrecusável"...
ResponderEliminarGostei muito da imagem e da gôndola que vive dentro do poema. Deste poema
Um abraço, L.
Também gostei dessa sua sugestão "da gôndola que vive dentro do poema".
EliminarUm abraço.
Não vou dar mais açúcar ao macaco e polemizar, se o poeta tem de ser infeliz para poetizar.
ResponderEliminarTinha, então, que encontrar um definição para a felicidade.
Que toda a arte é um imperativo irrecusável ninguém pode negar.
Que uma gôndola vive dentro do poema é visto por a alma gémea do poeta.
Summa summarum: uma fotografia que me convida visitar Veneza.
Um poema que me convida a refletir.
Em tempos turbulentos é toda a espécie de arte que nos ajuda a resistir 🕊
Também gostei da expressão que não conhecia "dar açúcar ao macaco" sempre pensei que o amendoim era a goluseima preferida dos macacos.
EliminarA definição para a felicidade, não existe, cada um terá a sua, uns a ver o futebol na TV, outros a folhear um livro desejado e acabado de comprar, outros a dedilhar uns caracóis com orégãos outros em silêncio a ouvir o dedilhar de uma viola da gamba.
Estou de acordo que toda a arte nos ajuda a resistir à violência instalada nos nossos dias.
Penso que a poesia não tem amarras nem condicionantes.
ResponderEliminarQuem sente o coração a transbordar de dor ou felicidade e tem na alma o dom de se expressar de forma poética, escreve poesia seja qual for o seu estado de espírito e o local onde se encontre. Mas, claro, Veneza é como Paris: um local de encantamentos irrecusáveis para pintores e poetas.
Pelo que escreveu, deduzo que o autor já foi muito feliz em Veneza. Que bom! Só não percebi o porquê dessa "imolação por hábito".
Morria habitualmente de amores, era? :)
Um abraço.
Estou de acordo, a poesia é um exercício de liberdade de pensamento. Veneza é um lugar, tal como Paris (estou de acordo) que nos aviva a emotividade que temos desejo e necessidade de exprimir.
EliminarO autor foi feliz, infeliz e assim assim em vários lugares, muitas vezes somos felizes e não sabemos, só mais tarde somos capazes de ler os sinais.
Um sentimental morre de tudo e renasce de nada.
Obrigado, um abraço.
Luís, não pode esquecer-se daquilo que escreve e reparar se houve conexão nos comentários dos leitores com as suas palavras. É evidente que o autor foi feliz, infeliz e nem uma coisa nem outra, como de resto qualquer pessoa.
EliminarSe eu refiro que o autor foi muito feliz em Veneza, faço-o somente em virtude disto que escreveu:
"...porque para se escrever poesia
não se pode ser feliz.
Não voltarei a Veneza."
Percebeu agora?
PS- Gostei de sabê-lo um sentimental. Só podia, não é verdade?
Percebi.
EliminarBoa tarde!
ResponderEliminarLi o poema e como sempre naveguei nas palavras do Poeta.
Mas, navegar é preciso, mesmo que seja nas palavras de outros, só que, isso não me leva a concordar com tudo o que leio, mas apenas fico a pensar e o meu sentir não é igual, como é óbvio aos restantes.
Isto a propósito destas estrofes que passo a citar :
“e foi aí mesmo que nasceu o poema
porque para se escrever poesia
não se pode ser feliz. “
Não voltarei a Veneza.
Se eu escrevesse este poema seria assim:
“ e foi aí que nasceu o poema
porque para se escrever poesia
também se pode ser feliz”
Eu voltarei a Veneza.
É simplesmente a minha opinião, que vale o que vale…
Abraço o Poeta/Pintor com muita admiração e carinho.
Respeito o seu sentir, aprovo que é uma possibilidade ou talvez uma crença mais forte na possibilidade de ser feliz.
EliminarMuito Obrigado, um abraço.