Foto de Bartolomeu Rodrigues
O cão do tempo
Quando são já raros os acordes
da música que escolhemos
insinua-se um silêncio ambíguo
como um cão do tempo
com duas cabeças ___ enquanto
uma descansa no nosso colo
a outra baba-se a encarar o tempo
Alimente-se então o cão do tempo
enquanto se assiste à televisão
sórdida que nos agarra a garganta
Ficamos assim na presença
do quadro exacto da ternura
o cão do tempo sobre os joelhos
e o copo de cicuta a queimar
a nossa melancolia.
É na ambiguidade do silêncio nas madrugadas que os bichos de sete cabeças vêm atomentar as mentes cansadas e débeis.
ResponderEliminarSem ternura, sem aconchego, sem nada.
Saúdo este seu comentário que, julgo, é o primeiro.
EliminarA sua interpretação é muito interessante e estou de acordo com ela. As suas palavras são também um poema.
Só discordo da repetição excessiva do fator tempo
ResponderEliminarUma discordância técnica, portanto.
EliminarHuuuum...um cão com duas cabeças, um descansa no colo e outro na cicuta venenosa...ó que coisa tão tétrica e sinceramente não encontro nenhuma ternura versus ligação. Dizer que percebi mentiria porque não é nada a minha praia andar para a frente e enredar-me no passado do tempo. Saio daqui a rir e a pensar comigo mesmo...gastar os meus neurónios neste poema e naquele nauseabundo com veneno? Não e não e ó homem de Deus...anda comigo ver os aviões a levantar voo porque não sei o que se passa mas são muitos. Não queres? problema teu:)))
ResponderEliminarUm enorme abraço e obrigado por este momento e um bom dia.
A arte pode ser concreta ou abstracta, pode relatar a realidade ou explorar a ficção e até as duas coisas ao mesmo tempo. Importante é provocar no leitor alguma espécie de emoção.
EliminarAcho muita piada à sinceridade destes comentários e à forma como são escritos.
Um abraço também.
Dali não faria melhor...
ResponderEliminarA pintura surrealista pode ajudar a entender como o cérebro processa informações visuais. Dali não escrevia.
EliminarA melancolia da fotografia levou-me às pinturas de Edward Hopper.
ResponderEliminarE o poema tão belo como original levou-me ao mundo cão de Pier Paolo Pasolini.
A publicação desta noite também me levou a uma frase de uma tia do meu “deserto loiro”, que viveu a guerra em criança.
Mas isso, já é uma outra história, que conto para a próxima vez.
Assino o meu nome Teresa Palmira Hoffbauer 💙 para evitar confusões!!
Valiosos os seus comentários, as referências que aqui deixou acabam por valorizar a publicação.
EliminarNão há confusão, os seus comentários têm um estilo próprio.
Decididamente o blogger embirra comigo!
ResponderEliminarAbraço, saúde e bom fim de semana
Não acontece só consigo.
EliminarObrigado, um abraço.