Foto de Daniel Filipe Rodrigues





Desconhecidos, não! 

Não abro a porta da minha casa
a desconhecidos
não reconheço a sua língua 
nem compreendo por que trazem malas
e se apresentam sorrindo

dizem-me que trazem palavras novas

que eu não conheço 

e que nas malas transportam

claustros vibrantes 

com os cânticos da paz


digo-lhes que Deus já não existe

e que escrevo poemas

com as minhas próprias palavras 


Benzeram-se assustados e partiram

deixando cair das malas

várias palavras desconhecidas

que varri com zelo ___ letra a letra


Assim que se foram

retirei a chave da minha casa

que tinha debaixo do tapete.



 

16 comentários:

  1. A privacidade, ou a luta por ela, assume tantas formas

    ResponderEliminar
  2. Se a privacidade é o nosso porto seguro, acautelemo-nos. Há muito que deixámos de a ter.

    Abro a porta da minha casa para:

    1- Deixar entrar quem me vem auxiliar a fazer as muitas coisas que deixei de poder fazer sozinha.

    2- Sair- para andar meia dúzia de metros, não mais...

    3 - Para ajudar alguém, embora duvide que ainda possa acudir a alguém que se tenha magoado num queda, por exemplo. No entanto, posso sempre pegar no telemóvel e requisitar o auxílio de terceiros.

    4- Para ir regar as minhas dieffenbachia e a árvore da borracha da vizinha do lado.

    Peço perdão, perdi-me em divagações, L., todas elas suscitadas pelo seu "Desconhecidos, não!"...

    Forte abraço!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. As suas razões para abrir a porta, são legítimas e acertadas. Mas quando vêm os vendedores de comunicações ou os evangelizadores, não abro a porta e ladro a fingir que tenho um cão.
      Saúde, um abraço.

      Eliminar
  3. Hoy no te puedes fijar de los desconocido y de las intensiones que tiene cuando llaman a tu casa.
    Besos.

    ResponderEliminar
  4. Decididamente o blogger embirrou comigo.
    Abraço e saúde

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Desta vez não encontrei o seu comentário, nem nos mails. Lamento.

      Eliminar
  5. Fizeste um poema com metáforas sobre quem nos bate à porta, ou porque se enganam ou são os tais vendedores da "banha da cobra", Não tenho paciência no entanto sei que ganham à comissão mas faço sempre o mesmo:
    Quem é?
    Luz, água, telecomunicações, Palavra de Jesus etc...
    Desculpe não poder atender porque estou a dar banho ao neto e grito já vou netinho tem calma:))) o que é de todo mentira:)))
    A foto é soberba!
    Beijos e um bom dia

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Uma forma bem criativa para não abrir a porta a estranhos.
      Um abraço

      Eliminar
  6. Na realidade é absolutamente perigoso abrir a porta a desconhecidos.
    NUNCA deixaria a minha chave debaixo do taoete.
    Metaforicamente abro a porta aos poetas …
    A fotografia é linda.
    Teresa Palmira Hoffbauer 💙

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. A chave debaixo do tapete era uma prática antiga, antes de o mundo ser como é.

      Eliminar
  7. Gostei muito.
    Nos tempos que correm temos cada vez mais de saber a quem abrimos a porta da nossa casa e da nossa vida.
    Gosto da fotografia, uma porta aberta cheia de luz :)
    Convida qualquer um a entrar :)
    brisas doces *

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. A segurança manda que haja recato a quem abrimos as nossas portas.
      Um abraço.

      Eliminar
  8. Caro Poeta/Pintor

    nestes tempos tão conturbados, nem abro a porta e apenas falo pelo intercomunicador.
    e para a família temos um truque no toque, que só nós sabemos.
    gostei do poema e da imagem que esta muito bem "casada".
    bom final de semana com saúde
    :)

    ResponderEliminar