Mensageiro


Mais um cigarro 

tu 

que disseste que nunca mais fumarias

Mais um copo 

tu 

que prometeste nunca mais beber

Mais um lance de cartas 

tu 

que juraste nunca mais jogar 

Mais uma paixão 

tu 

que declaraste nunca mais amar


Sucumbiste aos prazeres terrenos 

e vais escrevendo a giz pelas paredes limpas 

a palavra amor 

que outros apagarão como se fosse vandalismo 


Vá ___ afoga-te em fumo 

dissolve o teu fígado em álcool 

entrega a tua vida num baralho de cartas 

mas depois planta uma laranjeira 

no lugar do encontro com o amor 

que um dia o mundo fará disso uma mensagem.




 

14 comentários:

  1. Um dia criaste um quadro
    que jaz, plácido
    na parede do meu quadro
    Enquanto escrevo
    isto, bebo um trago
    fumo um cigarro
    e relembro o tema
    As árvores velhas, mesmo se tristes, ainda dão frutos

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  2. Após o último cigarro e o último copo vou plantar uma laranjeira no lugar onde repousa o meu amor.
    Poema de conciliação entre dois amantes em disputa. Há sempre uma árvore a florir.
    Acabo o meu palavreado, dizendo simplesmente que a aguarela dá a impressão de que estamos na PRIMAVERA 🌼

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  3. Os vícios são amantes que matam a razão...
    Excelente poema, gostei imenso.
    Continuação de boa semana, caro Luís.
    Um abraço.

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  4. Descreves muito bem os vícios tão nocivos e criticados. Estragam-se familías mas para mim por detrás de qual viciado ou viciada há um sentir de uma mágoa ou trauma que com isso pensam colmatar mas são poucos os que querem ajuda e jamais conseguirão plantar uma "larajeira" para mais tarde recordar. Gostei muito da imagem bem colorida e senti que ainda existe uma criança em mim sempre positiva!!!
    Beijos e um bom dia

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    1. Enquanto houver uma criança em nós... nada está perdido, mesmo que sejamos incompreendidos.
      Um abraço.

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  5. Fiquei com os olhos colados à aguarela :) Difícil foi descolá-los de lá para ler o poema...

    Não bebo senão leite com café ou chá e outras inócuas infusões, e não jogo senão por brincadeira, a mover peças de xadrez no computador, mas tenciono manter o meu frutuosíssimo relacionamento com os cigarros até ao final dos meus dias. Cresci entre escritores que não jogavam e pouco ou nada bebiam, mas todos fumavam os seus cigarritos, e garanto que, dentre eles, não houve um único que não cobrisse de belíssimos laranjais a literatura portuguesa.

    Forte abraço, L.!

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    1. Obrigado pela referência tão sensível, à imagem de hoje.
      Em fumo nos ergueremos deixando para trás as laranjeiras.
      Um abraço.

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  6. Este poema é simplesmente maravilhoso!
    Adorei!
    Beijinhos

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  7. Incertezas da vida, sempre as incertezas...
    MAGNÍFICO poema, Luis!
    Beijo.

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