A minha cidade
Trago dentro de mim a cidade
onde a minha infância é um rossio
e onde já morei em várias ruas
Vi-me em becos ___ vários ___ todos com saída
e sempre que tentei chegar mais depressa
e seguir por travessas nunca
encontrei o caminho ou cheguei tarde
Nos dias de sol quando passeio
pelas minhas avenidas vejo
o meu pai em várias janelas e varandas
lendo poemas em voz alta e
em várias janelas a minha mãe sentada
no parapeito balançando as pernas
do lado de fora e rindo no final de cada poema
como um aplauso disfarçado
Depois de percorrer a minha cidade
vejo como tudo nela é ainda pequeno
com o mundo todo à volta disponível
ao virar da esquina das várias saídas da cidade
nunca ultrapassadas
Há dentro de mim uma cidade
que poderá ser minha ou a cidade de todos
de fugas à realidade
de encontros amorosos sem felicidade
de nascimentos difíceis e sem futuro
de ruas de ciúme que se iluminam de luzes mortiças
de becos onde se recolhem os sexos envelhecidos
de fogo de artifício nos dias de festa
O que na minha cidade me mata ___ lentamente
é estar dentro de mim uma cidade
que se construiu sem eu ter dado conta.
Existem ruas numa cidade que restauram o esboço de quem já fomos...
ResponderEliminarA música... entenderá... é uma "Ode" aos Pais!
E foram tantas as vezes que a toquei para os meus Pais!!!
https://www.youtube.com/watch?v=mOM_bCsh7Gw
Michael Nyman um compositor que aprecio. Muito obrigado.
EliminarQue bela, esta cidade que dentro de si construiu, L....
ResponderEliminarDentro de mim, não há uma cidade. Quando muito há uma vila que de um lado rodeei de mar e, do outro, deixei que crescesse uma floresta ...
Forte abraço!
Também a sua Vila, como a descreve, tem o seu encanto dada a localização.
EliminarUm abraço.
Maria João Brito de Sousa deixou um novo comentário na mensagem "":
ResponderEliminarMoro num T1... tive de escolher entre algumas centenas de livros, as colecções de selos, pedras e moedas do meu pai e as figurinhas de porcelana da minha mãe. Só couberam, amontoados, muitos, algumas dezenas de livros que vieram juntar-se aos meus...
Compreendo a tristeza de quando é necessário abrir mão das coisas que deram forma à nossa vida.
EliminarElvira Carvalho deixou um novo comentário na mensagem "":
ResponderEliminarGrande é o poeta que carrega no peito uma cidade de tantas recordações alegres e tristes. Gostei do poema.
Abraço, saúde e bom fim de semana
Às vezes muito peso para um homem.
EliminarSaúde, um abraço.
Recordar é viver. Um Poema realista muito poderoso!!
ResponderEliminarBeijo. Bom fim de semana!
As memórias e a nossa imaginação fazem parte da nossa vivência.
EliminarSaúde, um abraço.
VENTANA DE FOTO deixou um novo comentário na mensagem "":
ResponderEliminarPoco a poco me pondré al corriente de las publicaciones en los blogs.
Mi ordenador no ha tenido arreglo y ya tengo un ordenador nuevo al que ahora me tengo que acostumbrar. He estado bastante tiempo, pensando en la elección.
Celebro tu regreso, noté tu ausencia. Larga vida a tu nuevo ordenador. Un abrazo.
EliminarVENTANA DE FOTO deixou um novo comentário na mensagem "":
EliminarEsos mismos sentimientos, he sentido también en una similar situación.
Besos.
Boa tarde Caro Poeta/Pintor
ResponderEliminarTodos nós carregamos uma cidade dentro de nós.
A que nascemos, as que nos acolheu e aquela que amamos.
Gostei deveras deste poema.
Desejo uma semana abençoada com saúde e harmonia.
:)
Cidades, por vezes, maiores do que nós.
EliminarUm abraço.