Vídeo do autor do texto 




Quando vi a tua imagem


Não tenho dúvidas que eras tu 

aquela mulher que conheci 

na fronteira entre a paixão inesperada 

e a transgressão insensata ___

___ nesse tempo foi aí que ficámos 

deitados sobre os Vivas à República 

Reconheci-te pelo vermelho 

igual ao daquele tempo 

e pelo par de castanholas que trazias 

ao peito com o cordão de ouro 

que os nacionalistas te perdoaram. 


Bailámos até me levarem 

não havia espaço para o amor em tempo de guerra


Não tenho dúvidas que eras tu 

a mesma que conservo neste papel 

com dois versos de Lorca 

que deixaste no meu bolso 


     Ay qué trabajo me custa

     quererte como te quiero


Desde esse tempo 

as bocas e os sexos calaram-se ___

___ somos apenas dois punhados de terra 

sem lugar definitivo

onde quer que estejamos agora.






Foto de Gerda Taro




 

6 comentários:

  1. Teresa Palmira Hoffbauer24 de novembro de 2022 às 00:36

    A publicação evoca a Guerra Civil de Espanha 🇪🇸 entre 17/07/1936 – 1/04/1939.
    Embora o poeta não tenha vivido nessa época, tem uma predileção por esta data histórica.

    ResponderEliminar
  2. Que poema.
    Li-o várias vezes e saio daqui encantado.
    Excelente, os meus aplausos.
    Continuação de boa semana, caro Luís.
    Abraço.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Jaime, sempre simpático nos seus comentários. Muito obrigado.
      Um abraço.

      Eliminar
  3. Belíssimo poema, este seu "Quando Vi a Tua Imagem", L.!
    Li-o e reli-o várias vezes e sim, também a mim me remete para a Guerra Civil de Espanha.

    Forte abraço!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Um marco na história de Espanha cujos sinais ainda existem.
      Um abraço.

      Eliminar