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Os objectos nos contemplam
Não tenho hoje dúvidas
que é durante o nosso sono
que os objectos que nos cercam
se movimentam
para nos contemplarem
na nossa morte aparente
e tudo acontece nos dias
em que limpámos o pó
que se encontrava visível
assim
os objectos que se movimentam
não deixam vestígios
é sobre a capacidade
de ainda sermos inocentes
que os objectos que se movimentam
exercem o seu mistério
admiro o seu rigor de ocuparem
depois o seu lugar exacto
no respeito das minhas decisões
e do meu poder sobre a sua existência
eu finjo que não percebo
e escrevo um poema às escondidas.
Tenho poucos objectos e não escrevo como tu, porque do amontado da foto fizeste um magnífico poema. Parabéns!
ResponderEliminarBeijos e um bom dia
Muito obrigado pelo simpático comentário.
EliminarUm abraço.
Rendo preito ao autor destas pequenas maravilhas que são a fotografia e o poema! :)
ResponderEliminarComo não consigo ficar parada e de pé durante mais do que alguns segundos, condenei à cegueira os livros, telas, roupas, fotos e papelada burocrática que me rodeia. De quando em quando, num assomo de coragem que me deixa toda partida durante alguns dias, lá limpo o "tête a tête" em imitação de pedra sabão que está sobre a empoeirada mesinha de chá, ou o retrato inacabado do meu pai ainda menino pintado pelo bisavô José de Brito... Talvez os desencante nesses arroubos de coragem e eles venham contemplar o meu sono...
Um grande abraço, L.!
Os nossos objectos nos contemplam no nosso sono... e talvez se movam para estarem mais próximos de nós, a nossa ingenuidade não o admite.
EliminarNão estamos sozinhos.
Um abraço.
Eu, minimalista, fiquei encantada com o poema e a fotografia.
ResponderEliminarOs poetas podem dar-se ao luxo de armazenar tralha, à qual transformam em arte e poesia.
Uma mulher banal como eu, tem que separar de todos os objetos inúteis.
Ando na famosa limpeza da primavera 🌷
A banalidade existe em todos nós, em muitos na tralha que arrastam, noutros no que vão deixando pelo caminho. Nem os poetas estão imunes à banalidade.
EliminarBoa tarde Luís,
ResponderEliminarUm poema magnífico que muito apreciei.
Nunca tinha pensado que às sextas feiras, dia em que limpo o pó, durante a noite, os objetos vigiassem o meu sono.
Só de Poetas geniais.
Beijinhos,
Emília
Acontecem muitas coisas, durante o nosso sono, que nunca saberemos.
EliminarUm abraço.
Não me diga que essa tralha toda - ou melhor, esse amontoado de objectos - está tudo em sua casa, poeta...
ResponderEliminar...se for colecionador de inutilidades, não me admiro nada que essas coisas ganhem vida, durante o seu sono, e queiram ir para outro lado.
EliminarNada do que está na foto me pertence.
EliminarNão tenho muitos objectos.
ResponderEliminarSó mesmo os necessários.
Se desconfiar que me olham durante o sono.
Coitados, vão directamente para onde não os veja mais.
Ah ah ah
Gostei da foto e da critividade do Poeta.
:)
Eles movem-se sem nós vermos.
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