Foto do autor do texto



Poema do revoltado


Moro na rua das avantesmas 

velhos e novos

mas mais velhos do que novos 

velhos azedos que dizem 

gostar de animais mas matam 

os gatos que lhes pisam as alfaces 

velhas de avental com uma ponta 

metida na cintura e a língua 

metida na vida dos vizinhos 

velhos barbados às janelas a passear 

os olhos pelos títulos do jornal 

e pela frescura da vizinha 

ocupada no estendal 

os novos passam a falar alto

uns com os outros 

seja dia ou seja noite 

um velhaco deixa cair da boca 

os piolhos que tem no cérebro 

com que pretende infestar a vizinhança 


esperamos pelo prometido terramoto 

avantesmas ___

___ vão para o raio que vos parta!



 

17 comentários:

  1. As coisas por aqui começam a azedar.
    Se calha de chegar a mostarda ao nariz do poeta, vamos ter mosquitos por cordas... hahahaha

    ResponderEliminar
  2. Quem vive num rua tranquila, nem imagina que há ruas como a do poema.
    Amanhã vamos todos mudar de tom 🌷

    ResponderEliminar
  3. Bom dia, L.

    A minha rua não é uma rua, é um passeio, mas também poderia ser uma alameda só para peões e bicicletas e trotinetas, tudo muito verde e muito tranquilo...

    Vejo que os seus vizinhos são muito conflituosos, ou não lhe fariam chegar a mostarda ao nariz a ponto de os descrever com tanta acrimónia.

    Os meus - felizmente, caramba! - são gente pacata com a qual até simpatizo bastante, embora quase sempre me fique por um bom dia ou boa noite "enfeitado" por um sorriso meio desdentado .

    De qualquer forma, conseguir fazer um bom poema a partir de matéria tão pouco poética, não é para qualquer um.

    Forte abraço!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. A poesia atenua o desagrado.
      Viver em "propriedade horizontal" com pessoas que não respeitam os direitos dos outros condóminos (previstos nas leis) e acham que vivem numa vivenda e podem fazer tudo o que lhes apetece, incluído o não pagamento das prestações do condomínio nem admitindo a cobrança, até pela violência... é um desagrado permanente.
      Um abraço.

      Eliminar
  4. Boa tarde Luís,
    Um poema magnífico que nos fala de um mundo tão real.
    Por mais duro que seja, existe por aí em muitos recantos.
    Não podemos ignorar e fechar os olhos, embora sejamos impotentes para o resolver.
    Beijinhos,
    Emília

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Sei que os condomínios são uma fonte de problemas para quem é cumpridor e se cruza com gente sem regras e sem respeito.
      Talvez o meu texto dê voz a muitos que vivem essa realidade.
      Um abraço.

      Eliminar
  5. O Poeta está "zangado".
    Mas, há vizinhos intragaveis.
    Eu não tenho esses na minha rua.
    :)

    ResponderEliminar
  6. Muito bem visto e exposto.
    Eu tenho à minha porta ajuntamentos, pessoas
    destinadas ao Café, mas é ali que permanecem
    tratam de tudo, escarram, dizem palavrões
    enfim... Um bairro que tinha tudo para ser pacífico,
    Um abraço
    Olinda

    ResponderEliminar
  7. Nesta altura e neste contexto não é fácil mudar de casa... se no meu bairro houver oferta ou na minha actual rua surgir oportunidade, não deixarei de te comunicar... ambas as comunidades envolventes são isso mesmo, comunidades... e a minha vizinha do lado pintou-me o retrato...

    ResponderEliminar
  8. Junto-me a ti porque aqui no meu prédio e fora é uma poluição sonora e humana muito diferente de há uns anos. Não temos condomínio porque somos todos arrendatários e uns belos senhorios que deixam degradar o prédio. Todos falam comigo mas a bagunça que fazem no entra e sai é de fugir. Eu lavei as escadas anos a fio e nunca recebi nada e deixei quando me lesionei. Hoje lavo a minha entrada e a entrada do prédio que é serventia de todos. Com a tempestada Aline e a outra a seguir caíaram os vidros da clarabóia e quando chove é um autêntico chuveiro. Avisei os senhorios e vieram falar que no Verão iram arranjar o telhado.
    Já me habituei e isso é que me interessa
    Beijos e um bom dia

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Caímos no meio da confusão, agora é tarde para sairmos.
      Um abraço.

      Eliminar