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Eras tu


Imagino um poema

àquela mulher curvada

que leva pela mão uma criança 

tem luz na sua cabeça 

cintila no espelho à minha frente

e move-se


uma gota de sangue 

cai do meu queixo

no branco do lavatório 

o corte sublinhou

a mensagem da mulher

que leva pela mão uma criança 


da mulher que julguei presente

a voz ficou na casa

ouço-a hoje mais forte

com sangue no rosto vejo

aquela mulher curvada

levando-me pela mão.



 

14 comentários:

  1. Sempre que venho leio os poemas anteriores que não consigo
    acompanhar em tempo real. Fico encantada também,sempre.
    Nessa noite há um certo desencanto na sua voz e chega-me
    tão real que imagino-me refletida no seu espelho. Sua inspiração
    tem estado a mil ,Luís e realçado pelo desalento da nossa finitude
    e do tempo que avança e leva-nos pela mão , interiormente.
    Parabéns, amigo

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    1. A sua análise ao texto de hoje é interessante. Agradeço a gentileza das suas palavras.
      Obrigado.
      Um abraço.

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  2. Em cada um de nós um menino ou uma menina que precisará sempre de quem lhe dê a mão, nunca desparece essa necessidade, só se disfarça, oculta ou se torna inconsciente. E às vezes nem com uma mãe presente isso acontece. Há mães que na sua lufa lufa ou por outra razão qualquer não foram capazes de dar essa mão, só quando crescemos é possível compreender e perdoar. A foto é forte e bem bonita, de onde será?

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    1. Às vezes não temos consciência de como essa mão nos faz falta.
      Um abraço.

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  3. Felizes de quem tem a mão de uma mãe e ou até memórias para aconchego. Já não digo o mesmo quanto à banalização das guerras e fome onde morrem tantas crianças. Felizmente nunca deixei de ser criança!
    Beijos e um bom dia

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  4. Bom dia
    Se imagina , melhor o realiza .

    JR

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  5. Tão belo o poema que escreve para a mulher curvada que leva a sua infância pela mão!

    Um forte abraço, L.!

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  6. Teresa Palmira Hoffbauer3 de maio de 2024 às 13:30

    Agora, agarro as mãos da POESIA, e vivo-a de maneira adequada.
    Poema e fotografia que transmitem luz na minha própria escuridão.
    Magnífica publicação.

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  7. A memória.
    O aconchego da mão.
    a saudade....

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