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Poema


Fiz ontem um poema da minha vida

entendendo a minha vida

até hoje vivida a palmo ___

___ para amanhã não sei se terei

mãos obedientes e lúcidas 


nesse poema da minha vida

se encontra a matéria da dor

o tempo do corpo

o tropeço no disfarce

e a mãe cega que vi 

em todas as mulheres

a quem pedia para me enlaçarem

pela cintura com as pernas

para eu não me ir embora


fui claro e limpo

na matéria que usei

no poema e na vida

baixo a cabeça numa posição estranha

estou apenas a pensar que

só morrerei quando tiver vontade. 




15 comentários:

  1. Há uma certa ironia no final do poema.
    Até a morte sorriu.

    A vida do poeta, é uma vida de luta.
    A resistência é contra o governo português e a terrível VIZINHANÇA.
    Estou apenas a pensar que
    tanta luta também cansa.

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    1. Quando a vida é de luta desde que temos consciência disso, ganha-se treino.

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    2. Teresa Palmira Hoffbauer2 de maio de 2024 às 01:05

      „Hoje não consegui estar onde tanto queria. Meu corpo não deixou“
      Escreve o nosso querido amigo Rogério e, ele também tem consciência e muitíssimo treino.
      Com a vizinhança vive em absoluta harmonia.

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    3. Falo simplesmente do cansaço físico e não do cansaço de Brecht …

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    4. O autor não está cansado fisicamente.

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  2. "Poema" que me emocionou.
    Um abraço
    Olinda

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  3. Complicado e a última frase bateu fundo embora a decisão seja apenas tua. Não gostei nada sinceramente embora sei muito bem o poeta "finge"!
    Beijos e um bom dia

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    1. Quem cria tem de inventar para que não se esgote.
      Um abraço.

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  4. Hoje escreveu outro poema da sua vida, L., este mais reflexivo, a condizer com a posição da sua cabeça.

    Devo avisá-lo que nem os suicidas morrem quando querem: morrem quando o desespero lhes torna a morte menos desapetecível do que a vida.

    O corrector ortográfico é avesso aos neologismos, mas eu mantenho o "desapetecível".

    Forte abraço!

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    1. Tem toda a razão, o nosso poder é limitado mesmo sobre nós próprios. Apreciei a palavra nova que criou.
      Um abraço.

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    2. Rogério V. Pereira2 de maio de 2024 às 19:22

      Não sei... ou melhor
      não tenho a certeza
      que mesmo que te enlaçassem
      não partirias na mesa

      (acredites ou não
      essa sombra sou eu,
      nessa posição)

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    3. Rogério V. Pereira2 de maio de 2024 às 19:24

      na mesma
      (considera a emenda)

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    4. Partir tem sido o meu desígnio.
      As sombras, por vezes, não são identificáveis.

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