IA
Um homem está deitado na sua cama branca
o homem sente-se um ponto no meio do universo
a sua cama é uma planície encerrada
numa cadeia de montanhas de onde se sai
por uma porta que está agora encostada
lá fora dentro de casa há vozes
de mulher
e de criança
como fumos roçando as paredes
a janela do seu quarto poderia ser
a janela de um comboio por onde veria passar
céu
aves
campos
montes
árvores
rios
por detrás das cortinas fica o mundo dos outros
o homem deitado na sua cama branca
e emparedado no seu mundo
pensa
o que fará com tudo o que ficou
sobretudo com o Mustang que encontrou na garagem.
O poema tem uma qualidade surreal fascinante que leva a leitora a um mundo profundo e inquietador. As imagens que ele pinta são vivas e estimulam a imaginação. Cria uma linguagem surpreendente entre o interior do homem e o mundo exterior que estimula o pensamento. Realmente impressionante é também a imagem da IA.
ResponderEliminarA ficção ao serviço da poesia.
EliminarVê-se bem que a imagem é da IA, mesmo sem ler a legenda.
ResponderEliminarFalta-lhe un je ne quoi que só o ser humano se permite imprimir.
Diferentemente, o poema leva-nos para o mundo do absurdo
que todos nós temos inculcado no nosso íntimo e a que o
poeta dá voz.
Bom sábado.
Um abraço
Olinda
...sais...
EliminarÀs imagens de IA falta-lhes ALMA.
EliminarUm abraço.
Mais um turbilhão de emoções muito inquietantes e apenas digo que a maioria sente o mesmo, e a minha receita é irmos desfazendo das coisas aos poucos e enquanto tivermos força anímica!
ResponderEliminarGostei!
Beijos e um bom sábado!
Esvaziar uma casa é uma tarefa enorme.
EliminarUm abraço.
Inspirado no poema
ResponderEliminardeito-me na minha cama branca
e ia quase a atingir a réplica
quando tropeço na realidade
tenho garagem, falta-me o Mustang
Também eu queria!!!
EliminarAs imagens ficam mesmo artificiais...fico a interrogar-me se um dia também não se viverá numa realidade simulada. É assustador...
ResponderEliminarO que nos espera é preocupante.
EliminarUm abraço.