Foto do autor do texto


Da minha estante caem
palavras e letras em cascata
caem as palavras erradas ou então 
é a escolha das palavras magníficas 
que quando tocam o chão se diluem
com um ligeiro fogacho
de todas sobra uma ou outra luminosa
desse mistério da fala
que copio com o meu lápis 
escondido entre um tronco de cedro
reparo então 
que se constroi uma poesia
com palavras ao acaso
sendo que o primeiro verso

O pão que se come nas trevas

abriu o meu ser sentimental
como um arado a lavrar a terra seca

apago a luz
e fico a ver o borbulhar luminoso
das palavras sem poesia.




12 comentários:

  1. Gosto quando escreve versos absurdos que me levam
    a pensar em quão absurda e sem nexo é a vida. Entre
    uma palavra e outra, diluída que seja, consegue-se
    sentir a chuva de sentimento ilógico que envolve
    este mundo.
    Bela fotografia.
    Abraço
    Olinda

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    1. Gostei muito do seu comentário no que diz respeito aos versos absurdos, por vezes eles exprimem melhor o que se sente e realçam a importância de momentos sem importância.
      Muito Obrigado.
      Um abraço.

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  2. Mesmo no absurdo escreve-se poesia... Porque a vida pode ser absurda, ridícula...
    Beijos e abraços
    Marta

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  3. Es que a veces en lo absurdo también hay poesía...
    Te espero con nueva entrada en mi blog.
    Un abrazo

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    1. El absurdo es un campo vasto para la poesía.
      Soy un visitante de tu blog y estaré allí hoy.
      Un abrazo.

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  4. abriu o meu ser sentimental
    como um arado a lavrar a terra seca

    apago a luz
    e fico a ver o borbulhar luminoso
    das palavras sem poesia.

    isto é o terminar em beleza de um texto delicioso
    parabéns e obrigado
    Um abraço

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    1. Caro Zaratustra, fico reconhecido pelo seu comentário, é um grande incentivo.
      Um abraço.

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  5. não concordo.
    todas as palavras tem poesia.
    (nem que seja para o Poeta)
    para os demais são palavras e quicá para os mais atentos, será poesia...

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  6. Boa tarde Caro Poeta/Pintor
    Neste poema, as palavras ganham corpo e leveza , caem da estante como se fossem folhas de uma árvore secreta.
    Há uma rendição ao acaso luminoso da inspiração, e é nesse gesto de recolha, quase ritual, que nasce a poesia. O verso inaugural, “O pão que se come nas trevas”, abre uma clareira sensível e funda, onde o leitor é também lavrado.
    No escuro final, as palavras que não chegaram a ser poema continuam a brilhar. Um belíssimo exercício de escuta interior.
    A foto muito ao meu estilo, gosto muito de fazer fotos assim!
    Deixo um abraço carinhoso
    :)

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    1. O seu comentário é muito esclarecedor para o autor que, quando escreve, não consegue fazer uma análise tão consciente.
      As fotos descontroladas, por vezes, têm resultados surpreendentes.
      Um abraço

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