Foto de Ana Luís Rodrigues
Digo-te
nascer
como se dissesse
quero-te
como se fosse
fácil
o mesmo que dizer
minha
digo-te
olhos
como se dissesse
existo
como se fosse
claro
o mesmo que dizer
dia
digo-te
vontade
como se dissesse
fome
como se fosse
essencial
o mesmo que dizer
montanha
dizes-me
palavras
como se dissesses
delírio
como se fosse
areia
o mesmo que dizer
adeus.

E eu digo-te que gostei muito do teu balançé de emoções! A foto é muito bonita!
ResponderEliminarBeijos e um bom sábado
E eu agradeço a gentileza do comentário.
EliminarBom fim de semana.
Um abraço.
Y volar con unos globos por el mundo, decir, decir, decir...
ResponderEliminarGracias, Nubes.
Hay nueva entrada también en mi blog.
Un abrazo desde Segovia.
Sería genial poder volar.
EliminarQue tengas un buen fin de semana.
Abrazos.
O poema descreve o processo de tornar-se sujeito por meio da linguagem: o desejo e a visão fundamentam o eu que existe, mas, no final, o excesso de palavras causa a perda da união, chegando ao “adeus”. Isso funciona como uma declaração de amor que também expõe a vulnerabilidade da linguagem. A passagem do nível existencial da “fonte do ser” para a melancolia mental de “adeus” e “areia” marca uma transição do que é a própria essência do ser para o que está desgastado, da demanda por clareza para a aceitação do indeterminado. O tom permanece sóbrio e preciso, mesmo quando atinge uma sensualidade intensa; a pretensão erudita aparece na escolha precisa de termos como nascer, olhos, vontade, montanha, palavras — bem como na organização estrutural. A dialética cria um espaço de diálogo infinito no qual amor e uma negação da linguagem coexistem.
ResponderEliminarMaravilhoso comentário. O autor nunca imaginou que a partir de uma série de simples palavras fosse possível dizer tanto. Elogio a sua capacidade de análise.
EliminarObrigado.
As palavras cruzam-se algures no caminho e encontram novos rumos...podem ser a verdade em si ou pura contradição...
ResponderEliminarMas existem no positivo e no negativo, na dor e na paixão, no sim e no não, no claro e no escuro...
Beijos e abraços
Marta
As palavras são umas e são outras conforme quem as diz e quem as ouve.
EliminarUm abraço.
Boa tarde Amigo Poeta/Pintor
ResponderEliminarUm poema que toca pela simplicidade e pela intensidade das imagens que se erguem de cada palavra dita.
A repetição de “digo-te” e “dizes-me” constrói um jogo de espelhos onde o amor e a ausência se refletem, lembrando-nos de como a linguagem pode aproximar ou separar.
Um poema que flui como murmúrio, mas ecoa como despedida.
Muito criativo.
A foto muito bem para acompanhar.
Bom fim-de-semana.
Um abraço.
:)
As palavras que se proferem, às vezes em aflição, nem sempre têm a recepção desejada.
EliminarO seu comentário revela uma grande sensibilidade.
Bom fim de semana.
Um abraço.
Este poema tem uma cadência delicada e uma progressão que vai da entrega ao desvanecer.
ResponderEliminarO paralelismo entre “digo-te” e “dizes-me” cria uma tensão muito bela: de um lado, o que associa amor, presença e desejo a palavras simples e absolutas; do outro, a resposta que já traz distância, efemeridade e fim.
Gostei....
Há momentos em que as palavras já não evitam a perda.
EliminarObrigado.
importa sempre dizer
ResponderEliminarAbraço
Também acho.
EliminarUm abraço igual.