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Quero dividir contigo o peso da vida
como se a vida fosse dentro de um saco
e cada um de nós com a sua asa
preocupados com o equilíbrio
a cruzar as vozes e os olhares
e a saber andar sem tocar o chão
penso
no que somos capazes de inventar
para definir a felicidade
e assim se inventa uma frustração
num saco roto por onde se esvai a vida
tão certo
que mesmo pegando nas duas asas
ao mesmo tempo
se vai deixando tudo pelo caminho
pode haver um lado bom nisto tudo
se o saco for forte e reutilizável
assim será possível transportar
mais vidas e com o peso de outros tempos
voltando sempre atrás para recuperar
a carga perdida
será possível até nascer outra vez
e recomeçar
e ter os mesmos desejos
usar as mesmas palavras
cometer os mesmos erros
até ter de transportar a vida
nas próprias mãos
ou dividir contigo o peso da vida
até perceber que me devo ver livre
do supérfluo
dos fantasmas da infância
das palavras que nos deprimem
dos perdões impossíveis
das ideias absurdas sobre felicidade
da chuva triste sobre a cidade
da inutilidade da poesia
confesso que senti uma dor no peito
ao fazer este poema.

Tom e linguagem: o poema mantém um tom de declaração, quase manifesto, com ritmo de lista. Isso reforça a ideia de decisão: escolher abandonar o que não serve.
ResponderEliminarA insatisfação, o que não foi realizado, as palavras do desespero disfarçadas de esperança.
EliminarAutoconsciência e dor: a dor no peito ao escrever indica que o processo é intenso e significativo. A dor pode sinalizar transformação: o desconforto presente é parte do caminho para a liberdade. A chuva triste, a inutilidade da poesia — podem refletir cansaço, pessimismo e sentimento de inadequação. Colocá-los no quadro de libertação pode transformar a negatividade em combustível criativo. Função dos “fantasmas da infância” e “perdões impossíveis”: sugerem conflitos não resolvidos. Libertar-se deles implica aceitar que não se pode — ou não se precisa — carregar tudo de modo incondicional, abrindo espaço para um perdão real, próprio e mais saudável.
EliminarPoema épico de enorme importância e profundidade.
Como sempre, um comentário de quem conhece a matéria. O autor sente-se compensado.
EliminarAcredito. Senti o mesmo ao ler agora tudo desde o início.
ResponderEliminarBoa noite
Por vezes a poesia dói.
EliminarBoa Noite.
A dor invade-nos.... e tudo nos doí...até mesmo uma palavra...
ResponderEliminarBeijos e abraços
Marta
Palavras pedra que compõem uma história.
EliminarUm abraço.
Nada cai em saco roto.
ResponderEliminarHá sempre alguma coisa que se aproveita. Mesmo na poesia.
Boa semana.
Um abraço.
Sempre sobrará algo, concordo.
EliminarBoa semana.
Um abraço.
As palavras doem. Apesar disso um texto nunca diz a dor das pequenas coisas, daquelas que todos os dias nos fazem nascer de novo. Um poema profundo e inspirador.
ResponderEliminarUma boa semana.
Um beijo.
Todos os dias nos renovamos, por isso nos salvamos.
EliminarBoa semana.
Um abraço.
Compreendo essa dor
ResponderEliminarpois
nenhum poema é inútil
Pensando bem ainda não se encontrou explicação para contrariar a inutilidade de tudo.
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