Declaro que sou feliz


Aqui chegado tudo parece estar certo

mesmo quando a "certitude" 

é só dentro de nós. 

Sou tão feliz e em sossego

que os descendentes distantes

no seu labor e harmonia

descansam no meu descanso

ninguém ousa interromper. 


Sento-me no lugar que é só meu

a digerir com atraso as fatias

de sonho, fantasia e saber

que tenho na minha estante. 

Isto é felicidade

porque já esqueci a saudade 

de quando não estava só. 

Pouso o Manuel Bandeira

sobre a manta sobre os joelhos

e fico-me… 

com o som cavo deste contrabaixo.





18 comentários:

  1. Assinou a declaração?

    Não vá o diabo tecê-las
    e a saudade voltar
    e querer ocupar o mesmo lugar... :-)

    Gostei do texto, de saber que também gosta de Manuel Bandeira
    e gostei de notar no som do contrabaixo, um andamento mais acelerado.
    Acho que eram os passos da Dona Saudade a partir, do seu peito já cansado.

    Bonito, diferente e animadora esta alteração no estado de alma do autor.

    Uma excelente noite e boa digestão desse sonho fantástico.

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    1. Folgo em saber que tudo foi do seu agrado. Obrigado pelo comentário bem disposto.
      Boa Noite também.

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  2. Excelente reflexão pessoal com um tom musical que faz pensar e entrar em introspecção
    Gostei

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  3. Fui (re)ler uns poemas de Manuel Bandeira enquanto me deliciava com o som cavo desse contrabaixo.

    O conceito de felicidade é uma coisa tão, mas tão subjectiva, L....

    Sabe que muito cá no fundo também eu considero que sou mais feliz do que a maioria das pessoas que conheço e que duvidariam do que digo sem a menor hesitação? Tenho uma vida que nem ao diabo desejaria, ainda que nele acreditasse, mas... também eu sou feliz por sentir que aprendi a criar muito a partir de quase nada. Outros haverá que a partir de muito, quase nada criam...

    Mas adiante que isso agora não vem ao caso desta sua saborosa declaração de felicidade :)

    Quanto à suas árvores/nuvens, que hoje não surgiram, não me limito a gostar delas; fascinam-me!

    Abraço.

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    1. Dá-me gosto ler os seus desenvolvidos e deliciosos comentários, estou sempre à espera deles. A parte final onde refere as árvores/nuvens é um prémio que recebo de si. Estou a fazer mais para publicar em breve.
      Aproveito para divulgar uma ideia que tenho e que todos os que me deixam comentários podem ler agora. Gostaria de enviar (próximo do Natal) a cada um destes fiéis seguidores que comunicam comigo um pequeno original destes que tenho publicado. No entanto compreendo que provávelmente não queiram divulgar as suas moradas, pelo que, deixo aqui a ideia para quem quiser receber uma destas lembranças ter uma ideia de como lhes fazer chegar esta oferta.
      Muito Obrigado pela visita.
      Um abraço é até logo

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    2. Eu quero um! Sabia que o Sr. das Nuvens nos ia oferecer um dos seu desenhos, um dia! É o meu sexto sentido que me revela essas coisas!
      :) :) :)
      Veja, há-de pôr o seu email no seu perfil para mandarmos as moradas para lá.
      :)

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    3. Ah! Tem lá o email, só agora é que vi. Ok, ok.
      :)

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  4. Da minha lavra dois pensamentos:

    - para se ser feliz nada melhor que o esquecimento.

    - só as folhas secas
    e os arbustos perdidos
    se lembram dos ventos
    em barreiras de sofrimento.

    Gostei do poema, como se em tudo houvesse beleza.
    Do comentário/resposta, acho uma ideia generosa.
    Da faixa musical, aprecio.
    Um abraço e bom fim-de-semana.


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    1. Obrigado pelo comentário. EM TUDO HAVIA BELEZA é o título de um livro de Manuel Vilas, muito interessante e, certamente, não foi por acaso que introduziu essa expressão na sua resposta. Agradeço muito o seu amável comentário. A oferta está válida também para si.
      Um abraço, bom fim de semana, também.

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    2. Nao, nao foi por acaso. (Adequava-se ao belo Poema.) Recomendo-o desde que o comprei quando foi publicado em Portugal.
      E o Luís, acredito, também já o leu. Excelente.

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    3. Sim, já li. E também li "E, de Repente, a Alegria" do mesmo autor. Dei conta da existência desses livros aqui no meu blogue em 29 de Maio.
      Obrigado.

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  5. Esta tarde
    não me apetece falar de felicidade
    e sempre que alguém a sente
    cito Saramago, constantemente

    «Eu não gosto de falar de felicidade, mas sim de harmonia: viver em harmonia com a nossa própria consciência, com o nosso meio envolvente, com a pessoa de quem se gosta, com os amigos. A harmonia é compatível com a indignação e a luta; a felicidade não, a felicidade é egoísta.»

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    1. O meu texto fala em felicidade mas, com ironia.
      Obrigado pelo seu comentário, gosto da, sua visita.
      Até logo.

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  6. O sossego é uma felicidade, para mim, também. É sinal que nada nem ninguém nos aborrece e o nosso espírito pode divagar por onde quiser, sem interferências!
    :)

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    1. Estou de acordo consigo. Sozinhos mas, nem sempre. Agradeço a sua habitual visita.
      Até logo.

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  7. Hán tantas maneira de ser feliz!
    Basta procurar.
    Um poema que gosto pela maneira como o autor transforma o momento em positivismo.
    beijinhos
    :)

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