Imagem de ArtenaRede



Visita guiada


Esfreguemos o nosso nariz na pedra 

das grutas de Altamira

tomemos nota de como faíscam os nossos pensamentos

naquela escuridão 

imaginemos como caminhavam outrora as ideias

tomemos notas

vejamos como os nossos primitivos 

viviam avançando à nossa frente

homens e mulheres precursores de Picasso

tomemos notas, muitas notas. 

Depois

mandemos vir umas pizas

que comeremos com as mãos.








11 comentários:

  1. Perdão!... Esfreguemos, não! Não serei eu que esfregarei o meu nariz nessas paredes, nem noutras quaisquer.
    Figuras rupestres, tenho-as mais perto e sem ser às escuras.

    Desta vez não irei cometer o sacrilégio de me pôr a escalpelizar todas as palavras do autor, apenas o quero parabenizar pela excelente junção entre os "Touros" de Picasso e as gravuras (taurinas) que se encontram nas paredes das grutas de Altamira.

    Deixo uma pergunta: Será que é apenas no facto de, ainda hoje, saborearmos certos alimentos à mão, que nos assemelhamos aos nossos antepassados distantes?
    Penso que não. A prova tenho-a aqui e agora. Desenhar, em palavras, diariamente, o que lhe vai na alma e no pensamento, não deixa de ser um acto tão criativo e estóico, como esculpir figuras em pedra dura...

    Um abraço e bom Domingo.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. "esfregar o nariz em" é uma forma de dizer, muitas vezes esfregamos o nosso nariz nas montras das lojas e dos centros comerciais. Eu gostaria de ir a Altamira mas apenas podemos ver uma réplica dessas grutas, o que já não é mau. Gostei das suas reflexões sobre o texto é isso que dá algum sentido ao que aqui deixo diariamente.
      Bom domingo, obrigado, um abraço também.

      Eliminar
    2. Sabe uma coisa? Há mais de um ano que não coloco os pés num Centro Comercial e nem lhe sinto a falta.
      Obrigada!

      Eliminar
  2. FIQUEI SEM PALAVRAS, POR ISSO FUI BUSCAR UMAS QUE ENGENDREI/TECI HÁ MUITOS ANOS.
    FORTE ABRAÇO, L.

    HUMANA CONDIÇÃO

    *

    Humana lucidez, quem te procura

    Nas calmas profundezas da razão?

    Que antiga noite maga, sábia e escura

    Renova a tua estranha condição?

    *

     

    Ao depores uma flor em Shanidar,

    Que sonhos modulavam tua dor?

    A Lucy, quem a soube consolar?

    Que medos te assolavam no sol-pôr?

    *

     

    Em Stonehenge, quem te deu alento?

    Machu Picchu, que sonho te inspirou?

    Que chama arde nas grutas de Altamira?

    *

     

    Se tão sublime sopro de talento

    Em Kéops e Gizé te abençoou,

    A Arte é a razão da tua vida!

    *



    Maria João Brito de Sousa - 18.05.2008 - 12.04h

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. A Arte é a razão da minha vida, poderei dizer da nossa vida. Esse seu belo poema toca o fascínio que temos pelas práticas antigas dos homens, cheias de pureza estética.
      Muito Obrigado, gostei muito.
      Um abraço.

      Eliminar
  3. Mucha hemos progresado desde ese tiempo hasta ahora....no quiere decir con eso, que todo lo hayamos hecho bien.

    Besos

    ResponderEliminar
  4. A imagem induz-me o quadro "Guernica" de Pablo Picasso. As palavras fazem-me pensar se a vida dura de outrora, apesar de tudo seria certamente mais feliz (?).

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Encontrar a felicidade nas condições do nosso presente é uma tarefa que temos de tentar.

      Eliminar