Salvador Dali (excerto)
Já sou um retrato parecido comigo mesmocresceu-me a pele mais do que o corpocontra minha vontadenada entendemos dos fenómenos químicosno entanto temos tudo isso nas entranhasnão sabemos nada sobre as voltasque a Terra dá em torno da luz e no entantodistinguimos o dia da noitevirá o dia sem tempopara rever ao espelho a minha aparênciaserei então o primeiro dos que ficareme assim confirmarei para todos a nossa finitudeserei talvez feliz pela compensação que tiverdos séculos que vivi em algumas décadasde tudo despojado nesse instante
(continua)

POEMA sobre o tempo, a finitude e a percepção de si mesmo diante da passagem. Toca na ideia de que, quando o dia chega sem tempo, somos confrontados com a nossa aparência e a condição de ser o "primeiro" a ficar, anunciando a finitude para todos. A ideia de felicidade como compensação pelas vidas vividas em poucas décadas sugere uma existência condensada, onde o valor está na experiência, na desmaterialização de tudo no instante. É uma reflexão melancólica, mas também provocativa, sobre o que realmente importa quando o tempo aperta.
ResponderEliminarComo sempre um comentário que prende a minha atenção.
EliminarOu talvez cobre a si próprios todo o tempo em que não viveu. Eu pelo menos faço-o ao espelho, pergunto porque deixaste, porque deixas?
ResponderEliminarPois, mas é impossível voltar atrás, aproveitemos o tempo que falta.
EliminarUm abraço.
Tudo acaba...até mesmo as perguntas sobre a existência....ou não...
ResponderEliminarBeijos e abraços
Marta
Estou de acordo.
EliminarUm abraço.