Todas as noites a raposa 
vinha dormir a troco de alimento
encostada à cancela do meu jardim
nas traseiras da casa que dá para o bosque
chamámos-lhe Nina como a raposa
que Theodor Kallifatides refere no seu livro

um dia montaram uma cerca 
em toda a parte do bosque que confluía
com as traseiras das casas
os meus filhos pequenos 
passaram essa noite inteira acordados
à espera da chegada da Nina

nunca mais veio

passaram vinte anos
e em cada visita que os meus filhos me fazem
perguntam-me sempre pela Nina. 


Vídeo e foto de Daniel Filipe Rodrigues 


 

10 comentários:

  1. Ela vem espreitar dentro das vossas memórias como um ser livre e selvagem que vos lembra que a natureza tem que ser amada e protegida. Bom domingo

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  2. Memórias felizes... todos devemos viver livres e protegidos...
    Beijos e abraços
    Marta

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  3. Gostei destas memórias felizes e do vídeo e foto!
    Beijos e um bom domingo!

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  4. Poético e melancólico — a memória da Nina persiste nos olhos das crianças e adultos.

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  5. Sempre que se erguem muros
    são os jovens
    os que mais sofrem
    e interrogam
    (até deixarem de interrogar...)

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